Por que o senhor atirou em mim?

Logo-pq-o-sr-atirouMilhares de pessoas, principalmente jovens, principalmente negros, são assassinados no Brasil a cada ano. Em muitos casos, pela ação da polícia ou de grupos de extermínio. Quase sempre são mortes anônimas, sem foto nem notícia no jornal. Em 2013, Douglas foi uma exceção. Sua pergunta é irrespondível, porque nada pode justificar aquele tiro. Mas, ao mesmo tempo, aponta uma resposta: a atuação de uma polícia que trata a população – principalmente a população negra e pobre – como inimigos.

A doutrina militar e o racismo institucional se combinam para tornar a polícia brasileira uma das mais violentas do mundo. De um lado, policiais são treinados para tratar a população civil como inimiga em uma situação de guerra; de outro, sua atuação se baseia em estereótipos raciais sobre quem é o “bandido”.

emicidaA campanha Por que o senhor atirou em mim? se organizou para articular grupos e indivíduos que querem mudar esse quadro. Um dos passos é dar visibilidade para a violência. Nesse sentido, ajudamos a organizar uma manifestação na Zona Norte, onde morava Douglas, em novembro do ano passado e acompanhamos denúncias de chacinas em Sapopemba e na Brasilândia.

Também entendemos são necessárias transformações de fundo na estrutura policial. Uma delas é a desmilitarização da polícia, mudando a formação dos policiais para uma atuação que respeite os direitos e garantias fundamentais e também permitindo o controle social da polícia pela população. Para entender melhor, fizemos uma aula pública com o antropólogo Luiz Eduardo Soares sobre desmilitarização, com participação de lideranças do movimento negro e hip-hop.

A violência policial também aparece para limitar o direito de manifestação, essencial à democracia. A repressão se acirrou, com prisões arbitrárias, uso indiscriminado de armas (menos letais, mas inclusive bala de verdade) contra os manifestantes, enquanto surgem tribunais de exceção para julgar rapidamente os “vândalos” e propostas de leis que buscam restringir direitos e aumentar penas.

Fizemos um ato cultural no Teatro Oficina com lideranças de movimentos sociais, políticos, artistas e intelectuais. Lançamos uma petição exigindo protocolos para ação da polícia em manifestações. E no aniversário de 50 anos do golpe militar fomos às ruas, para lembrar os mortos da ditadura e da democracia.

Assembleia Popular, Aberta e Livre

A Campanha Por que o senhor atirou em mim? não é um grupo fechado. É uma articulação de coletivos, entidades e indivíduos, que se organiza em assembleias abertas em praça pública. Somos uma rede e um dos nossos papeis é facilitar a aproximação de diferentes atores e suas diferentes estratégias de militância.


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