Por Cleyton Boson
Inaugurado em 1974, o metrô de São Paulo foi, durante muitos anos, a corporificação do sonho paulista de ser um estado moderno, rico, eficiente e seguro. Embutido neste sonho, estava um outro de ser o modelo de desenvolvimento social e econômico para todo o Brasil, locomotiva não apenas da economia, mas também da política nacional. Durante anos, entrar em uma estação ou em um trem do metrô de São Paulo era sentir-se seguro e moderno e compartilhar o orgulho de ser paulista ou estar em São Paulo. Morar ao lado de uma estação de metrô era o mesmo que estar conectado à alma da capital do estado mais poderoso da América Latina.
Os 20 anos de governo do PSDB no estado mudou o significado que o metrô tinha para os paulistas e para o Brasil, hoje ele é visto como ineficiente, inseguro, superlotado e caro. O metrô sintetiza a tragédia que tem sido a administração tucana para quem vive no cada vez menos rico, menos moderno, menos seguro e cada vez mais caro estado do país. São Paulo se transformou em símbolo de caos urbano, com engarrafamentos, falta de transporte público e enchentes; violência, com crime cada vez mais organizado, polícia corrupta e arrastões até mesmo em bairros ricos; e corrupção, como no caso do superfaturamento de 30% em trens e metrô que lesou os cofres públicos em 577 milhões de reais.
Quinhentos e sententa e sete milhões de reais são só a ponta de um iceberg chamado PSDB que tirou, não apenas o metrô dos trilhos (literalmente, pois em menos de uma semana, aconteceram dois descarrilamentos de trem na CPTM e no Metrô), mas também todo o estado saiu dos trilhos. O governo tucano aumentou abusivamente as tarifas do transporte público e piorou, também abusivamente, a qualidade do serviço; não satisfeito, piorou também a qualidade do transporte privado, com as mais caras e desrespeitosas tarifas de pedágio de todo o país. Tudo isso para beneficiar algumas empresas amigas do setor de transportes e alimentar projetos pessoais de alguns membros do PSDB. O propinoduto do Metrô de São Paulo é didático para entender esse processo:
Segundo documentos e depoimentos de um executivo de uma empresa envolvida no esquema, a quadrilha formada por empresas e membros do PSDB do Estado de São Paulo nos governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, superfaturou cada obra em 30%. Ou seja, de cada dez reais desembolsados com o dinheiro arrecadado dos impostos, os governantes tucanos jogaram nos trilhos apenas sete reais. Foram analisados 16 contratos correspondentes a seis projetos. Segundo o Ministério Público e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), somente nesses negócios, os prejuízos aos cofres públicos chegaram a mais de 577 milhões de reais.
Para encobrir os abusos de 20 anos de um governo corrupto, autoritário e ineficiente, o PSDB sempre contou com a conivência e a proteção da grande mídia, com seus jornalões e programas de televisão 24 horas por dia dispostos a jogar o lixo para debaixo do tapete e criminalizar os movimentos sociais e partidos políticos que se mobilizaram com denúncias ou atos públicos contra os desmandos tucanos no estado.
Chegou a hora de dar um mega não a tudo que o governo do PSDB representa para São Paulo. Um mega não à corrupção, ao autoritarismo e à cara de pau do governo Alckmin.